A Caminho dos Comandos Fur. Mil. Comando Francisco Luz
Longe vão os tempos destas ditosas fotografias, " Julho de 1971 ", no destacamento de Cavalaria, em Santarém 3ª incorporação de Sol. Milicianos. Ficamos enquadrados no 3º Esquadrão, cujo Comandante era o Sr. Tenente Capão pessoa de poucas falas e muito rígido no cumprimento de todas as ordens por si emanadas. Quis o destino que passados 41 anos e a convite de um amigo meu que frequentou o 23º Curso de Comandos que deu origem á 36ª e 37ª CMDS, fosse encontrar o agora Coronel Capão no mesmo convívio proporcionando recordações das mais variadas espécies, e que lhe fiz lembrar, já que ele tinha o hábito de em todas as recrutas lançar um concurso público a nível do Esquadrão para fazerem um desenho afim de ser posteriormente pintado nas paredes do seu gabinete, como sempre gostei do desenho, tentei a minha sorte, e por sinal fiquei em 1º lugar.
O pior veio para depois, já que de tintas nada sabia e o nosso Tenente que não era para brincadeiras, quando me chamou ao gabinete para iniciar os trabalhos e lhe disse que a minha incapacidade para o fazer era total, levantou-se e metendo-me em sentido quis saber porquê; e eu de pronto respondi que de tintas nada sabia, razão pela qual não podia concluir o trabalho. De imediato e com voz algo exasperada deu-me ordens para ir ter com o meu comandante de grupo Alf. Gomes para recrutar 2 pintores para me ajudarem, e pedindo licença, lá fui eu com o rabinho entre as pernas ter com o Alf. para tentar resolver a situação a contendo das partes. Depois de tudo resolvido porque havia alguém com os conhecimentos de pintura a tinta de água, coube-me a tarefa de transpor para a parede o desenho na referida escala, e logo que concluído, o meu Tenente com ar de satisfação apontando-me o dedo disse, fica descansado, logo que acabes a recruta vais para os serviços Cartográficos do Exército, olha que sorte.
Mais tarde surgem em Santarém alguns "Comandos" para recrutarem elementos para servirem nessa força especial, eu que era bom em provas físicas naquele dia pensei para os meus botões, então se o Tenente Capão disse que no final da recruta eu ia para os serviços Cartográficos, tenho que dar a volta a este problema, a minha cabeça logo me aconselhou a recusar a fazer o salto em profundidade, esquecendo que havia fichas anteriores onde esse obstáculo sempre foi transposto, logo tudo estava errado, e porque a cada ordem para transpor o obstáculo eu me recusava, ali fiquei sem almoçar e sem saber qual o meu destino, mas após algumas horas lá segui para o destacamento ficando por aqui a minha participação para os Comandos".
Final da história, quando saíram as especialidades, a mim coube-me "Atirador de Infantaria" / Tavira, nem queria acreditar, mas tudo na vida tem um sentido e o meu estava reservado para ser "Comando", corri direito ao meu Alf. pedindo-lhe se ainda havia possibilidades de ingressar nos Comandos, e ele vendo-me naquele estado de alma fez os seus contatos e deu-me a certeza que tudo iria correr conforme os meus desejos, ainda bem que tudo se processou dessa forma, pois hoje sinto um orgulho enorme de ter pertencido aos Comandos e ter servido na 37ª CCMDS. O Ten. Capão fez o seu papel, levou a contendo os seus desejos e eu igualmente também atingi os meus. Ganhei camaradas e amigos que até aos dias de hoje e para sempre estaremos em comunhão de ideias, nunca voltando a cara quando algum deles de mim necessitar. Esta é uma pequena história das muitas que tantos terão para contar, mas esta é só minha, guardo-a no meu recanto das memórias sempre vivas.
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